A natureza pantaneira mostra sua beleza cênica e sua resiliência em roteiro piloto focado na preservação
Durante seis dias, o turismo de Mato Grosso do Sul recebeu um grupo de jornalistas, fotógrafos, operadores e agentes de viagens especializados em ecoturismo e sustentabilidade numa famtrip (viagem de familiarização). A ideia foi apresentar um novo roteiro de experiência em meio à natureza e comunidades ribeirinhas. Na viagem, que teve início em Corumbá, eles percorreram o Rio Paraguai e seus afluentes com destino a uma das mais belas paisagens pantaneiras: a Serra do Amolar.
Para Bruno Wendling, diretor-presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (FundturMS), a Serra do Amolar é um dos lugares mais diferenciados do Pantanal. “Um dos lugares mais incríveis dentro desse bioma, pois mostra um Pantanal mais selvagem e uma geografia bem diferenciada da planície pantaneira, com serras, corixos e águas cristalinas. Apoiar a estruturação de um novo produto como este, uma nova experiência nessa região, é algo muito importante para o turismo do estado”.
Uma das estratégias da FundturMS para o fomento do turismo é apoiar a inovação da oferta turística sul-mato-grossense. “Queremos mostrar a Serra do Amolar para o mundo como um destino altamente exclusivo de ecoturismo, de turismo de base comunitária, de experiências únicas e encantadoras. Tenho certeza que a partir desse novo roteiro, a região vai ter ainda mais visibilidade e haverá também o surgimento de novos produtos. O aumento da demanda vai ser consequência e resultado dessa ação realizada em parceria com tantas instituições importantes e operada por uma das principais operadoras de turismo incoming do país”, enfatiza Wendling.
A ação teve operação da Pure Brasil, com apoio do Instituto Homem Pantaneiro (IHP) através do projeto Amolar Experience, da Fundtur MS e do Sebrae estadual. Segundo Giancarlo Valias, sócio-diretor da operadora, eles estavam buscando um roteiro viável e as parcerias foram importantes para isso. “A Serra do Amolar é uma experiência autêntica de Pantanal, pois junta a natureza, o impacto visual dos atrativos, os animais e uma coisa muito bacana que são os projetos bem desenvolvidos com apoio da brigada de incêndio, do IHP, Moinho Cultural em Corumbá e Instituto Acaia Pantanal. Isso tudo compõe o roteiro, que ficou muito bacana. As pessoas ficaram muito emocionadas com tudo o que viram e acreditamos que é um produto perfeito para o perfil de trabalho que nossa operadora desenvolve, que é a valorização da natureza intocada e da autêntica cultura local”, ressalta.
Ana Duék, jornalista e diretora do Viajar Verde, relata que “foi uma viagem incrível, pois pôde aliar tanto a preservação ambiental quanto a integração com a comunidade local. Isso é sentir, de alguma forma, que estamos apoiando o Pantanal, já que apoiamos muito mais quando estamos próximos de algo. É importante saber que podemos contribuir, nem que seja apenas plantando uma sementinha no processo e tentando gerar o mínimo de impactos ambientais e o máximo de impactos positivos. Acho que é um roteiro que tem tudo para gerar esses impactos positivos para o destino e espero que a Serra do Amolar fique cada vez mais conhecida entre as pessoas conscientes e que todos façam viagens responsáveis”. O Viajar Verde é o primeiro site de notícias do Brasil exclusivamente dedicado a discutir questões e práticas sobre o turismo sustentável.
Para o Coronel Rabelo, do Instituto Homem Pantaneiro, a realização dessa famtrip vai ao encontro de uma expectativa de potencializar uma região de altíssima produção de natureza. “As áreas protegidas passam a ter uma outra oportunidade para assegurar os esforços de conservação através do ecoturismo. A história dessas áreas, incluindo o Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense, era uma história de negação, de porteiras fechadas. É o que queremos reconstruir através desse projeto que permite a experiência da conservação, do conhecimento, da valorização e, sem dúvida nenhuma é também uma contribuição para os esforços de conservação a partir das receitas adquiridas para a região”, finaliza.
A viagem
A famtrip, que aconteceu entre 31 de julho e 06 de agosto, teve saída de Campo Grande por via terrestre até Corumbá, onde os convidados foram recebidos com muita arte e cultura. Após a performance de teatro e música pelas ruas da cidade, conheceram o trabalho do Moinho Cultural, do IHP e então seguiram de barco por cinco horas para uma imersão na natureza.
O jornalista Daniel Nunes Gonçalves descreve a viagem como uma ‘viagem de luxo’, pelas experiências exclusivas na natureza. Ele ressalta também a já reconhecida hospitalidade sul-mato-grossense, que lidera em avaliação positiva entre os 19 itens de infraestrutura e serviços pesquisados em estudo de demanda internacional do Ministério do Turismo.
“A experiência na Serra do Amolar em Mato Grosso do Sul foi incrível, cênica e sensorial, com os barulhos dos pássaros, o espetáculo das múltiplas cores no início e no final do dia. Dormimos confortavelmente, a comida era muito boa, as pessoas foram incríveis. Foi muito legal ver como essa gente é forte, resiliente e ainda faz a experiência de todo mundo ser muito especial ”, diz o jornalista e professor do curso de jornalismo de viagem da faculdade Cásper Líbero, autor de seis guias de viagem e oito livros sobre o assunto.
A equipe sul-mato-grossense proporcionou aos operadores, agentes e jornalistas uma série de experiências de interação com a natureza, como caminhadas, pedaladas, remadas, safári para avistamento de animais e trekking pela trilha de Morrinhos, percorrendo 900 metros de altitude (o pico mais alto da Serra do Amolar tem 976 metros), para ver o Pantanal de cima com suas baías, corixos e o zigzag do rio.
“Para um paulistano como eu ver aquelas paisagens espetaculares, aquele tanto de jacarés, tuiuiús, colhereiros, capivaras, foi uma experiência inédita. Foi muito marcante avistar uma onça na beira do rio. Eu já vi onça em zoológico, mas assim na natureza foi muito especial e jamais vou esquecer”, conta o jornalista emocionado. Tivemos também experiências gastronômicas ao ar livre, como churrasco pantaneiro com aquele céu superestrelado bem diante da RPPN Acurizal, até com cervejinha na beira da piscina. Eu até diria que foi uma viagem de luxo pelas experiências muito exclusivas, com estética arrebatadora. Tivemos a sorte de ir na época das piúvas floridas, que são os ipês rosa. Do barco víamos uma árvore mais linda que a outra, víamos aqueles animais todos, enfim, tudo muito marcante e jamais vou esquecer”, finaliza o jornalista.
Texto: Débora Bordin – Fundação de Turismo de MS / Fotos: Rogério Chelotti