Campo Grande (MS) – Em épocas de crise, ter criatividade é essencial. E a economia criativa vem ao encontro das comunidades, utilizando da própria cultura, tradições e produção de artesanatos para melhorar a economia local. Um estudo produzido no Mestrado em Desenvolvimento Regional e de Sistemas Produtivos (PPGDRS), da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul em Ponta Porã, mostrou que o patrimônio cultural brasileiro é riqueza abundante para o desenvolvimento da Economia Criativa, destacando dentre eles no Mato Grosso do Sul, o Pantanal.
Segundo o trabalho produzido pelos mestrandos do PPGDRS, Estevão Domingo Copérnico Satti e Juliano Delai, a Superintendente de Economia Criativa do Estado de MS, Claudia de Medeiros, e o Mestre em Administração e Pesquisador em Economia Criativa Adriano Pereira de Castro Pacheco, com a economia criativa é possível imaginar um futuro melhor a partir da própria realidade e buscar mudanças graduais que envolvam a produção local.
No campo da economia criativa, o Pantanal representa uma grande oportunidade para o desenvolvimento sustentável, pois seu território é de inesgotável intensidade cultural e destaca-se por suas peculiaridades. Num mundo cada vez mais globalizado a “diversidade cultural” toma dimensões importantes para o planejamento de políticas de desenvolvimento.
A principal atividade econômica da região pantaneira é a pecuária, contudo o turismo também configura uma importante atividade econômica da região. Seja pelo fluxo constante de pescadores amadores atraídos pelas belezas naturais da região, ou pelo considerável número de visitantes do cenário contemplativo pantaneiro.
“Assim, o ecoturismo acabou por notabilizar-se no MS fomentando o surgimento de pousadas e fazendas adaptadas para receber os turistas. Fatalmente a Economia Criativa contribui para o fortalecimento do turismo cultural, por constituir-se em instrumento de afirmação da identidade regional, na medida em que contribui para reavivar a história da gente pantaneira”, ressaltaram os pesquisadores.
A cultura é demonstrada por várias formas como nos museus municipais, sobretudo, vinculados à arte pantaneira, à exemplo de Aquidauana e Corumbá. Em encontros e festejos do homem pantaneiro nas cidades de Aquidauana e Miranda; festas populares como: Folia de Reis (Bodoquena), Festa do Divino (Coxim), Banho de São João (Corumbá), entre outras; além de artesanato indígena e pantaneiro: cerâmica, faixas pantaneiras, artefatos em couro e chifre etc.
As danças e músicas regionais, com destaque para as de origem paraguaia e pantaneira (chamamé, polca paraguaia, guarânia); artes performáticas inspiradoras na cultura local (indígena, pantaneira…); pequenos ateliês, feiras e exposições; além da literatura científica e de ficção abundantemente presentes no estado, sobretudo, inspiradas nas riquezas naturais e culturais do Pantanal também são aspectos que podem ser aproveitados na economia criativa.
Os pesquisadores apontam que o Pantanal e as demais riquezas naturais do MS são um verdadeiro “manancial de ativos simbólicos” e, portanto, da economia intensiva em criatividade. “Logo, torna-se necessário concentrar esforços de organização e fortalecimento do papel estatal e dos demais setores de modo que, conjuntamente, possam fazer surgir um novo ciclo criativo envolvendo criação, produção, distribuição e consumo de bens e serviços culturais e criativos com a patente de nossa diversidade cultural”, concluem.
Produzido pelo Projeto Mídia & Ciência UEMS/Fundect.
Foto: Fabio Pellegrini.